Há uma gota de sangue em cada poema.
Há poesia nas paredes de toda casa,
nos vasos de flores que tudo escutam e veem.
Há poesia na nuvem que passa,
formatos inconfessos que o olhar cuidadoso deflagra.
Há poesia na vida e na morte
A morte morrida à duras penas vivida.
Há poesia no trânsito caótico
No cinza-concreto de todo dia,
no caminho do pão-nosso de cada dia.
Há poesia na reza, no choro inconsolável,
no riso que estala
na hora certa (ou errada).
Há poesia às cinco da manhã,
no primeiro abrir de olhos do dia.
Há, sim, poesia nos dias,
com a certeza de que muitos outros virão
e que com a mesma leveza irão embora.
Ah, eu? Eu não me importo.
Seja vivo ou seja morto,
olhos abertos ou fechados,
eternizo-me nestes versos
propositadamente mal rimados.
Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras — quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.
11 de fevereiro de 2010
Poeminha singelo
Risinhos de crianças que corriam serelepes
Ali e agora como se não existisse o mundo
"Bento que Bento é o frade?!"
Interrompidos são pela mãe que grita:
"Sai daí, já para casa que tem perigo de noite!"
Corre e corre e corre (pressa).
O vento canta, janela fecha, criança dorme: folia nova amanhã de manhã.
E eu? rabisco.
Ali e agora como se não existisse o mundo
"Bento que Bento é o frade?!"
Interrompidos são pela mãe que grita:
"Sai daí, já para casa que tem perigo de noite!"
Corre e corre e corre (pressa).
O vento canta, janela fecha, criança dorme: folia nova amanhã de manhã.
E eu? rabisco.
Assinar:
Postagens (Atom)