Tintas misturadas
joguei, muito bem,
todas contra a parede - vasos, veias, capilares.
V a g a r o s a m e n t e levantado,
do chão retirei papel,
fiz voar cataventos, aviões, astronautas.
Copo com lápis,
carvão-bastãozinho,
surgem na mesa caminhos de terra.
Plantas aladas,
tons de verde em crepom,
vermelho encardido do seu coração.
Dizem: com água, tudo se arremata.
Estou estarrecido, por favor, não me interrompa.
Sobrou uma folha, muito branca e bonita, muito lisa
e fito com cuidado, laços de fita, desamarrados, idos com o vento,
do cabelo outrora atado
Pego o copo, bebo a água
- não esqueço: apago as luzes do ateliê.