30 de novembro de 2010

Se tudo fossem cores, riscos, rabiscos sem destino, pincéis, amores, olhares vítreos e petrificados, pouso congelado e internamente reverberante (altamente entrópico): é que estou parado em frente à tela lisa de brancura e chamo de vida aquilo que represento

Tintas misturadas
joguei, muito bem,
todas contra a parede - vasos, veias, capilares.

V a g a r o s a m e n t e  levantado,
do chão retirei papel,
fiz voar cataventos, aviões, astronautas.

Copo com lápis,
carvão-bastãozinho,
surgem na mesa caminhos de terra.

Plantas aladas,
tons de verde em crepom,
vermelho encardido do seu coração.

Dizem: com água, tudo se arremata.
Estou estarrecido, por favor, não me interrompa.
Sobrou uma folha, muito branca e bonita, muito lisa
e fito com cuidado, laços de fita, desamarrados, idos com o vento,
do cabelo outrora atado

Pego o copo, bebo a água
- não esqueço: apago as luzes do ateliê.

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