30 de dezembro de 2009

Metalinguajar

O bonde passa cheio de pernas,
pernas brancas pretas amarelas.
Passa o meu tempo, contratempo,
pois desdigo o que penso
já que não posso mais falar.
A veia do poeta é turva
e os cabelos ralos
(cobrindo olhos cansados).
Sua caneta defeca bolinhos de tinta
que já não dizem nada,
mas outrora disseram
o que ninguém mais expressaria.
Pegue, doutor, esta tesoura,
e corte minha singularíssima pessoa.
Aqui jaz o eu-lírico
estirado sobre o papel,
que a tinta suja, afaga e refresca.
Sangue, por que não?
posto que há sentimento,
talvez um monte de nada
que preenche umas linhas.
Se é para isso que serve o poeta,
eu te digo, poesia:
de tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo
e sempre
e tanto.
Se insiste em morrer
eu também me morro em palavras:
mas que seja infinito enquanto dure.

3 comentários:

  1. adoro o seu lindo modo de descrever as coisas, e já vejo esse poema em um livro :D

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  2. quase consegui postar o comentário 21:21, e você pôs a poesia 22:22 haha

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  3. MEEEO DEEOS, COMO EU NÃO VI ESSE POEMA ANTES?
    TAH GENIAL!
    Puuuutz!

    Beijos

    Julia

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